De volta à praça Raul Soares

Por Laura Lopes, Laura Teixeira, Samira Helena e Vitória Figueiredo

Revitalizada em 2021, quando foram realizados serviços de paisagismo, limpeza e conservação do espaço, a praça RaulSoares conta com novos estabelecimentos comerciais e a chegada de moradores, o que reacende a movimentação no entorno. Com a ressignificação do espaço, volta a ser ponto de encontro e ocupação cultural para quem quer se deslocar a pé e apreciar sua beleza histórica.

Inaugurada em 1936, o espaço tradicional do centro de Belo Horizonte interliga as avenidas Amazonas, Bias Fortes, Olegário Maciel e Augusto de Lima. Nos anos 1960, era um ponto cultural e de convivência e, próximo ao local, havia um cinema e uma casa de dança. 

Mas no final da década de 1960, a urbanização da cidade interferiu diretamente na dinâmica do espaço. Os pontos de ônibus foram desativados e a população começou a deixar a praça, situação que gerou o abandono do local.  Devido à sua importância para a história da capital mineira, a Raul Soares foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), em 1988. 

Valorização

A praça Raul Soares já passou por outras reformas, em 2006 e 2015. De acordo com a PBH, além da revitalização, outra medida é a preservação do local. A manutenção ocorre diariamente das segundas às sextas-feiras, incluindo serviços de jardinagem, irrigação, manutenção de pisos e topiaria, acabamentos de canteiros, adubação mineral e orgânica, entre outras manutenções.

Para o arquiteto e urbanista e professor da Universidade Fumec, Jacques Lazzarotto, as revitalizações levaram à reocupação do lugar: “O processo mais recente visou recuperar e revalorizar a área, através da reforma e renovação da iluminação pública, do mobiliário urbano, da revitalização do paisagismo, em especial da vegetação, e do policiamento mais presente”, explica. 

“A região retomou uma imagem urbana cuidada e valorizada”, afirma o arquiteto. “A sensação de segurança passou do suposto ao real. Residir na área se tornou sinônimo de ser ‘descolado’ e articulado com a cidade.” 

De acordo com Lazzarotto, uma das razões para o valor arquitetônico da praça é a relação com o Modernismo, principalmente entre as décadas de 1920 e 1930: “Belo Horizonte vivia uma efervescência arquitetônica, artística e cultural que foi fundamental para a constituição de edifícios icônicos da Arquitetura belo horizontina”, esclarece o profissional.  “A praça Raul Soares, de certa forma, abriu essa corrente modernista.”

Desde o surgimento, a Raul Soares possui um papel social e cultural: “Foi local de ‘footing’ que consistia no uso das dependências da praça para caminhada – nisso, acontecia uma espécie de paquera entre os transeuntes”, relata. “A prática esteve muito presente na vida cotidiana da juventude belorizontina dos anos 50 e 60”, conclui. 

Benefícios 

Moradores e frequentadores da região consideraram a revitalização vantajosa. Para Sheila Guedes, aposentada e residente na região, antes desse processo, a segurança era deficitária: “Era bem degradante, muito escuro, corríamos muito risco, e atualmente não, essa revitalização ajudou bastante os moradores daqui”, conta.  

Luís Assis é sócio de uma loja de produtos naturais do Mercado Central de Belo Horizonte. Frequentador da região, ele acredita que a renovação da Praça Raul Soares trouxe vantagens, não apenas para os moradores: “Para quem faz uso da praça, o ambiente também ficou melhor; o layout da praça ficou mais bonito, organizado. Então, conseguimos aproveitar melhor esse espaço”, ressalta. 

Assis menciona, também, um estabelecimento próximo à praça: “Agora também tem um edifício que eles revitalizaram, vários barzinhos estão sendo abertos no segundo piso”. O local é a Galeria São Vicente que tem fachadas com vista para o Mercado Central e Praça Raul Soares. 

O segundo andar do edifício esteve vazio até pouco tempo atrás. Porém, em maio de 2022, houve a inauguração do bar Palito. Depois, o bar Pirex também abriu as portas na galeria e outras lojas foram se juntando a essa movimentação, o que destaca a Galeria São Vicente hoje como espaço cultural que une entretenimento e gastronomia.

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