Memorial em prédio que foi centro de tortura em MG é esquecido e não inaugurado
Por Thais Amorim
Com previsão para ter sido inaugurado em 2019, o Memorial Direitos Humanos – Casa da Liberdade, endossado pelo ex-governador Fernando Pimentel, foi deixado de lado pela nova gestão e, consequentemente, esquecido pela população. O edifício da avenida Afonso Pena, número 2351, uma das principais vias da capital mineira, foi alvo de um projeto antigo para que fosse transformado em museu, lembrando as violações da ditadura militar.
O que deveria se concretizar em 2019, não foi realizado, no mesmo ano foi publicado que a obra teria um atraso de mais três anos, já no ano de 2022 nada sobre tem sido discutido pelo governo. No dia 10 de dezembro de 2021, houve uma manifestação do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, na porta do antigo Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais (Dops – MG), único movimento dentro do período estimado para a finalização do projeto.
O prédio do antigo Dops foi construído ainda em 1948 e transformado em centro de prisão, tortura e assassinato de presos políticos a partir de 1964. Nos anos 1920, outra construção, no mesmo local, também funcionou como delegacia de polícia.
O edifício foi tombado pela Prefeitura em 2013 e, posteriormente, pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em 2015. Antes da desativação para a construção do museu, porém, o edifício abrigou o Departamento de Investigação AntiDrogas (Narcóticos) da Polícia Civil, mantendo, até hoje, a placa da delegacia ainda afixada em sua fachada.
“Eu passo em frente a ele todos os dias e não fazia ideia do que era”, afirma a estudante Vanessa de Oliveira. Com a falta de esclarecimento sobre a finalidade do seu uso, o edifício fica vazio e se torna alvo de vandalismo. O projeto visava a criação do Memorial Direitos Humanos – Casa da Liberdade em um museu com caráter de preservação da memória da resistência política ao regime de 64 e de repúdio às práticas antidemocráticas.